"O
fim das certezas", livro do cientista russo ganhador do prêmio Nobel de
Química em 1957, Ilya Prigogine, trata de outra lógica no pensamento
científico, na representação do mundo e na lida com a sociedade.
Em
“Carta para as futuras gerações” o autor propõe a elaboração de argumentos com
o objetivo de lutar contra os sentimentos de resignação ou impotência negando o
determinismo; insistindo na criatividade em todos os níveis da natureza. O
futuro não é dado.
Em
pleno início do século XXI e aos 83 anos (ele viria a falecer em 2003 com 86
anos), sua carta faz um balanço do século XX, com toda a segurança de quem a
viveu e, demonstra, lucidamente desafios para o século XXI, seus perigos e suas
possibilidades (ou como usa no texto “flutuações”), fazendo pensar na
responsabilidade que cientistas e seres humanos temos de tentar construir uma
sociedade diferente dentro das várias possibilidades que nos aparecem.
Historicamente
a formação de professores de Educação Física (EF) tem sido técnico-tática, em
que se confundem habilidades características do atleta, do instrutor ou do
recreador. A partir da década de 80 e com o Movimento Renovador da Educação
Física, advindo com a conjuntura político-social daquela altura, a área faz uma
ruptura com as teorias tradicionais, com os modelos tecnicistas e com a
finalidade da aptidão física.
Após
três décadas, de reconstrução teórica metodológica voltada, para a formação e
atuação do professor de Educação Física o que se identifica no campo de
intervenção pouco se difere do formato de aula desenhado quando da inserção da
disciplina Educação Física na escola brasileira pelos idos de 1800.
Considerando
que a Educação Física sempre esteve vinculada ao pensamento cientifico por meio
dos conceitos do funcionamento do corpo, ainda acredita-se nessa assertiva,
isto é, o que dá sustentação teórica à EF é o funcionamento do corpo.
O
caminho histórico revela a opção da categoria ou comunidade da EF pela ciência
biológica e da saúde quando ela própria EF se constitui historicamente de
movimentos populares advindos do circo, do teatro e da dança, das manifestações
corpóreas de rua.
A
cientificização da EF se dá por meio de uma paisagem cognitiva, num panorama de
princípios epistêmicos que sustentou e ainda sustenta a separação sujeito e
objeto na perspectiva cartesiana, o que foi revisto durante o movimento
renovador e, passa por permanente revisão.
Os
“professores que hoje recebem a outorga do grau podem se deparar com
‘‘bifurcações”, e optar por uma das áreas: saúde ou humanas, e essa atitude é
determinista e retroage na evolução do pensamento da área.
Ao
considerar que as bifurcações são estudadas na física do não equilíbrio, e
“aparecem em pontos especiais nos quais a trajetória seguida por um sistema se
subdivide em ramos”, todos os ramos são possíveis, mas só um deles será
seguido. No geral não se vê apenas uma bifurcação. Elas tendem a surgir em
sucessão.
Isso
significa que até mesmo nas ciências fundamentais há um elemento temporal,
narrativo, e isso constitui o “fim da certeza”.
A
experiência da formação no CEDF desde 2004 desconstrói o modelo tradicional e o
formato reprodutivista do ensino, essencialmente na área da Educação Física e
no Ensino Superior. O fato de ser construída no processo e reelaborada na
medida em que as atividades vão sendo cumpridas é desafiador e rico, pois os
acadêmicos fazem a formação humana, profissional e politica favorecida pela
proposta da organização do conhecimento, em bifurcações. Na incerteza do ato
investigativo faço votos que vocês, professores, possam seguir o ramo da
totalidade do conhecimento, que não separa que não divide que não cinge o
humano.
Porque
ao final do curso no CEDF/UEPA é visível a mudança de atitude e comportamento
nos acadêmicos, hoje profissionais, o que revela e legitima o conceito da
proposta de formação. Para essa coordenação do CEDF é fato: a ampliação da
dimensão da prática docente e da formação continuada tendo em vista a
necessidade da busca permanente do conhecimento no campo da produção do
conhecimento na Educação Física, é evidenciada pela interseção multidisciplinar
entre a área da Saúde e a área de Humanas.
Com
essas palavras a coordenação do CEDF saúda os novos professores de Educação Física
no Pará.
Belém, 27/06/2012
Marta Genú
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